No Brasil, a cada 45 dias o Comitê de Política Monetária do Banco Central se reúne para definir se a taxa de juros será mantida, se vai aumentar ou reduzir. Isso vem ocorrendo desde 1996. Mudanças de poucos dígitos nessa 'gangorra' que pende mais para cima ou mais para baixo, dependendo do momento da economia, são sempre cercadas de expectativas. Mas, afinal, por que essa definição é tão importante e como impacta no dia a dia e na vida financeira?
Primeiro, é preciso entender que a Selic é o principal instrumento para controle da economia - incluindo preços e inflação. E é a referência no País para taxas de financiamentos, de empréstimos e de investimentos. Há exemplos bastante corriqueiros, só para citarmos alguns.
Os juros aparecem sempre que as pessoas recorrem ao crédito, seja em compras parceladas - quando deixam de adquirir à vista um bem durável, como um móvel para a casa ou um veículo -, ao contratarem financiamento para compra da casa própria e no fracionamento das despesas da viagem de férias da família. E, claro, em atraso de pagamentos especialmente de cartões de crédito ou em caso de uso prolongado do cheque especial, apontados como fatores de risco ao endividamento. E os juros têm permanecido em índices elevados no Brasil.
Nos últimos 20 anos, a Selic se mantém na média de 11,45% ao ano. A menor taxa foi registrada em 2% a.a. e a maior, em 26,50% a.a. Na maior parte deste período, manteve-se na faixa entre 10% e 13% a.a.
Vejamos a conjuntura mais recente, para entender o índice atual e onde podemos chegar: a partir de 2020, período marcado mundialmente pela pandemia do novo coronavírus e depois pela guerra entre Rússia e Ucrânia, por conta da crise e do seu gerenciamento, a oferta de bens e produtos encolheu, houve queda de renda das famílias e também da demanda. Os governos precisaram, então, aumentar gastos para socorrer a população. Isso se verificou mundialmente. Com essa maior procura e com oferta reduzida, o resultado foi a alta de preços.
A taxa Selic, que vinha apresentando queda, subiu no ano passado, chegando ao pico de 13,75% a.a. em agosto de 2022, e assim ficou até recentemente. Com a inflação mais controlada, e a reforma fiscal em andamento no Congresso Nacional, houve condições para que a redução se iniciasse. A expectativa, agora, é de novas quedas gradativas até alcançar uma taxa inferior a dois dígitos em 2024. Sabe-se que essa redução facilita o acesso ao crédito e, assim, estimula o consumo e ajuda no movimento da economia.
Estar atento a esses cenários e às variações das taxas de juros significa ter uma base mais sólida para a tomada de decisões financeiras. Permite identificar o momento de pagar à vista, renegociar débitos e fazer novas aquisições. E também de economizar e investir.
Aqui, um ponto importante para quem aplica recursos financeiros. Mesmo com a queda dos juros, não é recomendável uma mudança brusca da renda fixa (investimento que tem regras definidas quando da contratação) para renda variável (segue as expectativas do mercado).
Quem atua na área sabe o quanto é importante respeitar o perfil do investidor. Aquele com características conservadoras pode começar por papéis de prazos maiores, enquanto os investidores com perfis moderados ou mais arrojados podem ter parte de seu dinheiro investida na Bolsa de Valores e ao mesmo tempo manter aplicações em diversos outros papéis - lembrando que não basta apenas avaliar a rentabilidade dos ativos, mas considerar o risco também.
Por fim, compreender o papel do juro na economia, aprender sobre finanças pessoais e sobre como melhor administrar o dinheiro é fundamental, assim como contar com gestores especializados no mercado, para orientar sobre as melhores opções de investimentos.
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